1 de julho de 2020
IMS – Instituto Moreira Sales
Este é o 1º post de uma série que estou começando a publicar aqui no elPulpo!
Nele falarei sobre lugares que considero interessantes para se fotografar aqui na minha cidade, São Paulo, e também em outras, que eventualmente estarei visitando ou que já visitei.
Falarei um pouco sobre o lugar em si e sobre que tipos de fotos dá pra fazer, dentro do meu estilo e jeito de fotografar, e também dentro daquilo que são as minhas especialidades, que são a fotografia urbana, fotografia de arquitetura e um pouco de fotografia de rua, além da fotografia de natureza, que também curto muito explorar.
Resolvi então começar por um lugar que frequento bastante aqui em São Paulo, que é o IMS – Instituto Moreira Sales.
Um lugar dedicado à fotografia, ao cinema e à literatura, com exposições, exibições de filmes, cursos, palestras e bate-papos com especialistas na imagem e na palavra, e também um espaço onde pessoas, amantes da arte se encontram para tomar um café, folhear algumas páginas na livraria ou simplesmente admirar a paisagem da Avenida Paulista de um ponto de vista privilegiado.
Pois bem, cada vez que vou lá já começo sacando minha câmera da mochila logo no hall de entrada, antes mesmo de pegar a primeira escada rolante.
Gosto do tipo de foto que se pode fazer nesta situação: Fotografar um local cheio de gente, com escadas levando e trazendo pessoas, sozinhas ou em grupos; casais abraçados; com seus rostos em evidência ou em contraluz; as linhas diagonais que os corrimãos formam criam a perspectiva perfeita, e um acréscimo de preto e branco bem escuro e contrastado ajudam a destacá-los do restante da imagem, como se fossem os trilhos de um trem.
Faço isso sempre que vou ao instituto. Mesmo que já tenha fotografado quinhentas vezes o assunto, sempre me parece que surgirá uma foto nova daquele vai e vem das escadas: uma situação nova com as pessoas, uma luz diferente ou uma forma de composição um pouco diferente que eu possa fazer.
Então, numa de minhas passadas por lá fiz uma foto que julguei inusitada: a partir do hall de entrada, cliquei o primeiro lance de escadas rolantes incluindo os vidros da lateral do prédio, que formam um triângulo e fazem uma moldura para a pessoa que vem descendo a escada.
A imagem foi feita de maneira a ficar propositalmente escura, para dar um efeito mais gráfico e destacar as linhas: Tanto a do vidro e do teto como as do corrimão.
Continuando nessa linha, e como sempre é interessante fazer em qualquer local que se vá fotografar, andei pelo local (o hall de entrada, no térreo), para explorar um pouco mais o ambiente à minha volta e tentar novos ângulos e possibilidades.
Numa delas: deixei cerca de metade da imagem para a escada, à direita, com várias pessoas descendo, e o restante para as linhas das luzes do teto, com seus efeitos de luz e sombras na parede, formando uma sequência de linhas em perspectiva que nos leva ao fundo do ambiente, quase como se tivéssemos duas “estórias” para se observar, uma de cada lado da foto e separadas pelas linhas de arquitetura do teto.
Agora já decidido a explorar o restante do prédio, subo novamente as escadas, olho para trás e faço mais um clique num experimento de juntar escada, hall e mezanino cheios de gente, pra dar uma geral no espaço.
E finalmente chego ao andar mais interessante do prédio, que é aquele aberto, com uma vista da Avenida Paulista,
Este espaço merece um bom tempo para explorarmos. Logo na chegada ao primeiro piso, temos a vista aberta para a Avenida Paulista e a incrível arquitetura acima de nós, com uma enorme parede de vidro e com as escadas que levam aos andares superiores.
Aqui sugiro gastar um bom tempo para cada tipo de foto: da vista da avenida, da arquitetura sozinha, criando inclusive composições abstratas, e também um tempo para pensar em composições com as pessoas, por exemplo pegando os visitantes em contraluz, com o fundo geométrico dos prédios do lado de fora ou fotografando-os de cima, a partir da escada que leva aos pisos superiores.
Um dia ensolarado também te ajudará a criar efeitos interessantes com as sombras criadas pela luz que entra pelas laterais do prédio e também a criar imagens bem contrastadas em preto e branco dos prédios lá fora.
E se você tiver uma tele objetiva isto será útil para captar detalhes de cenas do cotidiano da Paulista.
Finalmente, entrando nas salas superiores, espalhadas por vários andares ao longo do prédio, podemos explorar as exposições que ali acontecem sempre.
Ao longo do tempo tenho registrado várias delas, com grandes nomes da fotografia internacional.
Em certa ocasião, anos atrás, fotografei o espaço durante a exposição do suíço Robert Frank, chamada “The Americans” e em outra a exposição de Irving Penn.
Gosto muito de andar por exposições para apreciar as fotos e também observar as pessoas olhando as imagens e aí aproveitar para criar composições com elas, juntando cores e formas inusitadas.
Em “The Americans”, me chamou muito a atenção por exemplo um imenso mural com as folhas de contatos de suas fotos, onde podemos ver suas escolhas dentre dezenas de cliques e compreender um pouco de seu modo de pensar e criar. Ficando ali por um tempo então, de repente, percebi pessoas que se aproximavam para olhar as fotos e o modo como suas roupas adicionavam cores ou padrões ao fundo, numa composição bem fotográfica, como nas duas fotos a seguir: uma com duas meninas, sendo uma de vermelho e azul, quebrando o preto e branco do fundo e a minha preferida que é a do rapaz que veste uma camisa xadrez, repetindo exatamente o padrão do fundo e se misturando com ele, quase como se fosse parte do quadro.
Em outras, brinquei com as formas de seus corpos, como na imagem da mulher sentada à frente de uma série de retratos de Irving Penn e criei uma moldura para uma foto na parede com um casal que observa a exposição.
Também procurei explorar a arquitetura da montagem da exposição, criando efeitos de perspectiva usando os painéis e as pessoas.
Terminando a visita às salas expositivas, um “roteiro” interessante que se pode fazer pelo prédio do IMS é retornar ao térreo pelas escadas (as escadas normais, não as rolantes).
Este caminho oferece possibilidades completamente inusitadas e diferentes de todo o resto: Aqui é possível trabalhar com fotografias mais abstratas e minimalistas. Aquelas em que utilizamos o mínimo possível de elementos para formar a imagem.
Para tal me concentrei nos objetos mais simples, como uma luminária de parede e sua luz projetando um triângulo na parede, os corrimãos, em vários ângulos, a geometria das escadas enquadradas em diagonal, um simples texto na porta ou na parede e também detalhes dos vidros das laterais da escada na parte mais próxima do Hall aberto.
Na saída, a luz que ainda brilha lá fora me permite capturar mais um belo momento do meu passeio fotográfico nesta cena em preto e branco do movimento de pessoas na porta do instituto.
Aqui eu ainda poderia me deter por mais uma hora, ou mais, e fazer sabe-se lá quantos cliques mais, pois assunto não falta. Mas deixei pra outro dia… quem sabe para um próximo post!
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Um espaço horizontal onde, tanto o professor Danilo Pericoli quanto a Renata Fortes (criadora do elPulpo) dão dicas semanais e comentam as fotografias que os participantes do grupo compartilham!!
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